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Prólogo

"Eu tive uma depressão bem ruim a minha vida inteira...”

“Sabia disso? Por que acha que me atraso pra escola todo dia?”

“Porque na maioria dos dias, não consigo encontrar nem mesmo um motivo pra

levantar da cama.”

“Que motivos tenho para fazer qualquer coisa sabendo quão inútil sou?”

“Por que ir pra escola?"

 

"Por que comer?"

 

Porq ue fazer amigos?”

“Por que fazer as outras pessoas desperdiçarem seu tempo e energia comigo?”

“É assim que me sinto. É por isso que só quero fazer todos felizes, pra ninguém se preocupar comigo.”

“É doloroso quando as pessoas se preocupam comigo.

“Por isso eu decidi que o mundo só quer me torturar.”

“Todos os caminhos levam a nada além da dor”

“Tudo seria melhor se eu apenas desaparecesse, e nunca ter existido nesse mundo”.

Adeus.”

Essa é a carta de suicídio de meu irmão mais velho, encontrada na mesa de desenho, do lado de seu corpo pendurado em uma corda.

O nome dele não importa, apenas me conheçam, Thomas.

Agora, sem pais, familiares e amigos, terei que viver sozinho o resto da minha vida, ou será mais fácil eu acabar com ela agora?

Capítulo 1

A mudança é a lei da vida. E aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro.
John Kennedy

A noite é quando toda a escória da humanidade desperta.
Bandidos, estelionatários, prostitutas, políticos, policiais, drogados, anarquistas, todos consumidos pela droga da desinformação e alienação.

 

Isso é o que estou pensando no momento, já que é a última frase que me veio a mente antes de morrer.

Eu faço parte desse grupo. A escória. Desde que houve o suícidio de meu irmão e a morte dos meus pais, não tenho como me sustentar por ser de menor. 
 

O único jeito de minha vida voltar a caminhar, é sendo adotado por alguém. Complicado e impossível. Nenhum adulto da massa trabalhadora tem condições de sustentar um adolescente de 16 anos vagabundo já reprovado na escola 2 vezes, e não posso esperar um milionário bondoso ou um magnata rico da Yakuza.

"O que está acontecendo com você agora?" você provavelmente está pensando nisso.


Estou agora sendo espacando por uma grupo de vagabundos por ter roubado na área deles. O único meio de sobreviver. Não tenho escolhas. 

As regras para sobreviver no sub-mundo de Tokyo é bem simples. A cidade toda é dividida áreas, cada área é dominada por uma gangue ou grupo de criminosos da mafia.


No momento estou na área 13. É o bairro onde nasci e fui criado até o momento. Não é tão fácil sobreviver, o número de policiais é dobrado por conta das atividades criminosas e os bandidos tem leis próprias que o faria desejar ser preso em vez de vê-los pessoalmente (estou falando sério, sou uma vitima deles neste exato momento) o que me impede de cresce- Esquece.

Foda-se, não vou explicar mais nada, porque caralhos estou falando comigo mesmo? 
Já estou apanhando a quase 15 minutos, já é hora de eu morrer.

"Ei, seus desgraçados, não tem como agilizar isso? Esses murros não servem nem pra uma criança" no momento que digo, sou empurrado na parede com tanta força que devo ter quebrado minhas costas.

"Calado, seu viadinho de merda. Estamos só curtindo o momento. Não queremos te dar uma morte rápida!"

"Porém, posso terminar isso em 1 segundo, acho que já estou me entediando mesmo." disse ele, puxando uma faca tão afiada quanto todos os socos que já levei. 

"Estou prestes a enfiar isso em seu estômago, na próxima vida me diga se doeu muito" 

"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!!! FILHO DA PUTA" nunca tinha sentido tanta dor antes e essa quantidade de sangue derramado... 

Entretanto, segundos após Thomas ter desmaiado, uma pessoa vestida de preto e usando máscara se mostra diante de todos. Foi o suficiente pra piorar o clima. 


Sem dizer nada, mas sua presença era esmagadora e ameaçadora, olhando para todos como se fosse um predador avistando a presa, não de forma silenciosa, aquele caçador já sabia que seu jantar estava servido e preparado para sua degustação. De maneira instintiva, todos os bandidos se afastam e empunham suas armas.

"Quem é você, maldito?" segundos de silêncio, que estava a ser eterno, se não fosse por um enorme apagão e escuridão vindo da direção do estranho e no piscar de olho,
todos os bandidos estavam deitados, mortos... sem suas cabeças.

Acordo antes do apagão e consigo ver um pouco do que ocorreu. Ela tira a máscara, senta diante de mim e a coloca em meu rosto. É uma menina, ela diz para eu cuidar da máscara como se fosse minha vida. 

"Além da máscara. Você me deve mais 1 promessa por ter salvado sua vida. Vá até a escola amanhã. É primeiro dia de aula, você ainda está sendo rematriculado, mesmo não frequentando mais."

É o que me lembro, estou deitado em casa agora. O ferimento da faca, surpreendentemente, sarou após um breve cochilo, e me sinto tão bem quanto antes de tudo ter acontecido.


Porém, o que mais me preocupa é o que ela disse, não sei se devo fazer, mesmo com o fato de ter salvo minha vida, não vejo ela como heróina nem muito menos tenho que dever alguma promessa.
 

Dia seguinte.

A garota possuía a silhueta de menina frágil que, junto com seus belos cabelos longos escuros, e sua bonita bunda, criava uma combinação incrível.

Ela estava se ajustando na cadeira de costas pra mim e infelizmente, não pude ver seu rosto.

Entretanto, mesmo com essa aparência simples se comparado as outras, sua presença era imponente e curiosamente ameaçadora.

A concentração era inacreditável, não mostrava nenhum sinal de vacilo. Como uma pessoa pode se concentrar tanto nos estudos?


Eu nunca vou saber, pouco me importo com essas coisas.

Fiquei muito tempo admirando ela, fiquei deveras impressionado com o quão seu cabelo pode estar arrumado e liso em plenas 7 horas da manhã.
Se bem que não precisa de muitos segredos e motivos para eu encarar, ela é bem bonita.

Acabei dormindo na aula e acordo apenas horas depois, tive um sonho com meu irmão e acabei me lembrando de sua última frase na carta, o quanto sua presença em meio a todos eles não é nada importante e que não acrescenta em nada aos seus dias. 


No sonho, eu acabo morrendo, não me lembro como, vi apenas um clarão de poucos milésimos ao lado de meu rosto e estava tudo apagado.


Para falar a verdade, não é muito diferente da vida real, precisaria apenas de um pequeno estalo e tudo estaria acabado.

No final das aulas, encontro uma carta em meu armário, não sei se é verdade ou apenas brincadeira.
Por não ter nada a perder, acho que vou ir até o local pedido, não tem ninguém me esperando em casa mesmo.

Ao chegar me deparo com a mesma menina que disse a poucos momentos atrás, vendo de frente, é notável que ela tem uma certa timidez e fica mais bonita ainda com seu jeito desleixado e tranquilo de falar.

"Oi, tudo bem? Eu me chamo Alice. Sento na sua frente, se não fosse pela chamada na aula, eu sequer teria notado sua presença!" disse ela tentando ser amigável e engraçada.

"Afinal, qual é o motivo de querer falar comigo? não tenho muito tempo, o horário do trem está perto."

 

"Bem grosso você, Thomas. Mas vou chegar logo no ponto. Eu conhecia o seu irmão mais velho, ele era amigo de minha irmã, os dois estudaram juntos."

"E então? ..." surge um silêncio que parecia eterno por parte dela, se ela queria me consolar por algo que aconteceu a 2 anos, não tem motivos pra mais conversa.

"Que estranho... se me permite dizer, você já superou a perda? Pra quem não mostra o interesse em uma mão amiga, já posso ver que não tinha muita empatia por seus parentes."

A garota possuía uma silhueta de menina frágil que, junto com sua boca extremamente suja e sem educação, a transformava em uma vadia de merda. Me viro após ouvir aquilo, resolvo a deixar sem resposta, ela não merece mais nenhum segundo comigo ou com qualquer pessoa. Porque pessoas como ela não simplesmente não morrem?

Antes de me virar por completo, ela me entrega uma carta.

"Vá até o local e no horário marcado, garanto que mudará tudo." ela se vira e vai embora.

Lendo o conteúdo da carta, me deparo com outra coisa mais estranha ainda: É onde eu estava ontem, na beira da morte. Reparo que tem um líquido vermelho no verso, derramando no chão.
Isso é... sangue? e nessa parte, estava escrito: Viva. Ele quer isso.

Em breve...

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